TV local como mecanismo de inscrição : Estudo Porto Canal
- Escrito por Cristina Tereza Rebelo
- Publicado em City Marketing
- 0 Comentários
Na sequência do anterior artigo (TV local como mecanismo de “inscrição”, Maio 2011), sobre a reflexão do fenómeno das Tvs Locais,seguem-se os resultados obtidos da investigação sobre a segmentação e mercado do Porto Canal.[i]
A construção do questionário foi dividida em duas partes.
- A primeira consistiu numa escolha dos itens sócio demográficos relevantes para uma posterior segmentação dos inquiridos e também na escolha de uma série de itens relacionados com a imagem que o Porto Canal projecta na população.
- A segunda parte, consistiu em escolher dois canais de televisão concorrentes com o Porto Canal e a definição de uma série de atributos que quando associados à marca, vão proporcionar a segmentação dos consumidores e desta forma produzir mapas perceptuais dos pontos fortes e fracos de cada canal televisivo.
Análise das variáveis socio-demográficas
Variável | Número | Percentagem | |
Género | |||
Feminino | 229 | 52,6% | |
Masculino | 206 | 47,4% | |
Faixa etária | |||
15 a 24 anos | 174 | 40,1% | |
25 a 44 anos | 126 | 29,0% | |
45 a 64 anos | 96 | 22,1% | |
65 ou mais anos | 38 | 8,8% | |
Estado Civil | |||
Solteiro | 222 | 51,2% | |
Casado | 168 | 38,7% | |
Divorciado | 19 | 4,4% | |
Viúvo | 21 | 4,8% | |
União de facto | 3 | 0,7% | |
Separado | 1 | 0,2% | |
Situação Profissional | |||
Estudante | 145 | 34,3% | |
Empregado | 201 | 47,5% | |
Desempregado | 31 | 7,3% | |
Reformado | 46 | 10,9% | |
Área Geográfica | |||
Porto | 76 | 17,5% | |
V.N.Gaia | 82 | 18,9% | |
Matosinhos | 22 | 5,1% | |
Maia | 63 | 14,5% | |
Gondomar | 30 | 6,9% | |
Valongo | 33 | 7,6% | |
Braga | 35 | 8,0% | |
Guimarães | 34 | 7,8% | |
Vila do Conde | 12 | 2,8% | |
Paços de Ferreira | 24 | 5,5% | |
Póvoa do Varzim | 24 | 5,50% | |
Habilitações/Escolaridade | |||
Até ao 9º ano | 122 | 28,20% | |
9º ao 12º ano | 193 | 44,60% | |
Licenciatura | 94 | 21,70% | |
Mestrado | 15 | 3,50% | |
Doutoramento | 9 | 2,10% | |
Horas de televisão
por dia |
|||
Média | 2,7 | ||
Desvio-padrão | 1,8 | ||
Mediana | 2 | ||
Mínimo | 0,25 | ||
Máximo | 12 | ||
Desde as conclusões da Comissão de Reflexão sobre o Futuro da Televisão, que a sustentabilidade destes projectos é discutida.
Ao abrigo da alegação económica se atribuiu à carência de mercado publicitário e à não existência de regiões, e ainda a imediação com os poderes locais e regionais, o não surgimento destes fenómenos de forma expressiva em Portugal.
Mas serão estes considerandos válidos no quadro actual da comunicação? Um ponto onde se encontram os particularismos e as identidades singulares num mesmo espaço coexistente com o nivelamento global e onde circundam os motes de uma nova democracia oriunda da interactividade?
Genericamente, a experiência tem evidenciado que os canais locais podem ser competitivos no mercado pela procura/oferta de conteúdos locais.
O sustentáculo deste sucesso parece advir do compromisso com as questões tradicionais e tipicamente locais.
Com uma história muito recente, o Porto Canal resiste à incredulidade que tem acompanhado a história dos meios locais na cidade do Porto e região Norte.
A estação não tem vocação regional em efectivo para já, mas tem importância local: é reconhecida a nível da AMP pelo contacto nas ruas e pela participação popular em fóruns e debates e nas zonas supramencionadas, que são Vila Nova de Gaia, Porto, Maia, Braga, Guimarães, Valongo e Gondomar.
Igualmente se registam valores significativos na Póvoa do Varzim e Paços de Ferreira. Estes dados, são relevantes para a estratégia de alargamento regional pretendida pelo Porto Canal e também de ilustração de tendências de fidelização local e georeferenciação.
A programação (que não incluímos neste artigo) tem uma preocupação local e uma perspectiva também local mas faltava a criação de espaços de real permuta, no que respeita à geração de opinião e massa crítica, capaz de gerar linhas de força activas em prol da consciência local. Não obstante, são indicadores positivos os resultados referentes à expressão local do canal. Os valores e missão do canal são subjacentes à proximidade com a vizinhança e a comunidade; não teria sentido apresentar conteúdos que não constituíssem uma mais valia para este objectivo que de facto, fundam o sentido e existência da estação, ou seja, o seu cariz genético.
Em relação à categorização da audiência e perfil do espectador, observamos nos dados auditados, que o nível da escolaridade obrigatória abarca a maior percentagem: do 9º ao 12º ano apura-se um valor de 44,60% nas pessoas entrevistadas.
Em relação ao estado civil, um dado interessante que confirma as faixas mais jovens observadas e associadas ao canal.
Cremos que o projecto se encontra em construção e reconhecemos nele pontos positivos a continuar a desenvolver ou aprimorar, até no sentido da mobilização da cidadania e uso dos meios para desenvolver a literacia enquanto “capacidade de cada indivíduo compreender e usar a informação (…), de modo a atingir os seus objectivos, a desenvolver os seus próprios conhecimentos e potencialidades e a participar activamente na sociedade.”[ii]
A ligação com o Futebol Clube do Porto parece anunciar novidades.
Este facto, é objecto de estudo da nossa investigação actual, a qual se encontra em conclusão. (Cont.)
[i] O tratamento estatístico dos dados resulta da colaboração do Gabinete de Estudos e Planeamento do ISMAI na pessoa do Doutor Amadeu Sousa Fernandes. Dados recolhidos entre Setembro e Dezembro de 2010.
[ii] Em linha: http://literaciadainformacao.web.simplesnet.pt/Literacia_da_informacao.htm (27-2-11)

Cristina Tereza Rebelo
Investigadora do CEL-CELCC com artigos publicados nas áreas da comunicação, TV local e marketing.
Doutorada em Comunicação pela Universidade de Vigo.
Professora Auxiliar do ISMAI.