Sou Director de Marketing e tenho um novo site para adjudicar, e agora?
Já ouviu falar de optimização para motores de pesquisa (SEO), usabilidade e acessibilidade mas na prática não sabe se a agência/parceiro que vai fazer o seu site vai ou não cumprir as boas práticas de desenvolvimento web.
Neste artigo revelo algumas orientações para que o seu próximo site cumpra os objectivos para que foi projectado.
Fazendo uma analogia, digamos que você quer construir uma casa e precisa de contratar uma construtora. O problema é que a maioria das construtoras poupa na qualidade dos materiais / boas práticas para poupar tempo, dinheiro e maximizar assim a margem de lucro. No final, a obra é entregue bonita por fora e defeituosa por dentro.
O que é que isto me afecta ?
Hoje em dia a maioria dos sites são avaliados apenas pelo seu aspecto visual. Habitualmente são negligenciadosobjectivos a cumprir, arquitectura de informação, usabilidade, acessibilidade, etc. Isto tem várias implicações no resultado final:
- Elevada taxa de abandono (visitantes saem do site assim que entram)
- Fraca visibilidade nos motores de pesquisa (menos visitantes)
- Fraca performance em gerar contactos (leads)
- Campanhas online com fraca performance (desperdício de dinheiro)
Como me posso proteger de um mau desenvolvimento web ?
Você necessita de alguém que zele pelos seus interesses. Assuma que não possui conhecimento técnico suficiente para avaliar o portfolio de uma agência. A componente gráfica é um factor extremamente subjectivo e não é sinómimo de qualidade de construção.
Como numa obra em que os empreiteiros “atalham” caminho em nome de maior rendimento, a maioria das empresas de desenvolvimento não cumpre as boas práticas, a não ser que exista um agente fiscalizador.
Embora o resultado final possa parecer o mesmo com ou sem fiscalização (para olhos destreinados) a obra ficará diferente, especialmente o que não se vê (o HTML, estrutura e usabilidade no nosso caso).
Você necessita de um consultor, alguém que irá coordenar a construção do seu novo site e que deve cumprir a meu ver dois requisitos básicos:
- Não estar ligado a qualquer empresa de desenvolvimento web.
A fiscalização só será eficaz se não existir ligação entre a consultoria e o desenvolvimento, senão desenvolve-se um conflito de interesses do qual você irá sair prejudicado em nome de uma maior rentabilidade para a empresa de desenvolvimento.
- Apresentar porfolio e case studies na área de consultoria web.
Que problemas similares ao seu já foram resolvidos e qual o resultado final ?É importante que o consultor tenha vários anos de experiência e know-how técnico, pois ele será o interlocutor entre si e a empresa de desenvolvimento.O consultor web deverá possuir experiência em desenvolvimento web, caso contrário a sua capacidade de fiscalização será sériamente limitada.
O trabalho do seu consultor web
O trabalho do seu consultor web é estabelecer a ponte entre si e a empresa de desenvolvimento garantindo que as boas práticas são cumpridas e agilizando o processo (inventariação dos conteúdos necessários, requisitos legais, características técnicas, etc).
O workflow de desenvolvimento de um site
Objectivos
Para projectar um site necessitamos definir objectivos (gerar leads, divulgar produtos/serviços, venda de produtos online, etc). É importante pensar na sua estrutura de acordo com os objectivos e numa estratégia de web analytics que nos permita medir a performance do site no cumprimentos desses mesmos objectivos.
O trabalho do consultor web é perceber o seu negócio e ajudá-lo na definição desses objectivos.
Entregáveis (documentos essenciais para o desenvolvimento)
Depois dos objectivos estarem definidos é necessário reflecti-los em documentos de apoio ao desenvolvimento. Estão são essenciais para um processo “stress-free”:
- Arquitectura de Informação
A arquitectura de informação é como que a árvore do site. Especifica todas as páginas que irão existir e a sua hierarquia.
É extremamente importante para o processo de navegação ser claro e intuitivo, além de ajudar na inventariação de todos os conteúdos necessários à sua construção.
- Especificação funcional
A especificação funcional descreve em pormenor funcionalidades específicas do site e é feita através de wireframes, um modelo funcional do site sem design.
Pode ser mais ou menos aprofundado dependendo da complexidade do site. A especificação funcional clarifica o funcionamento do site, tornando o processo de desenvolvimento muito mais fácil.
- Estratégia de Web Analytics
Web Analytics é uma disciplina que analisa o comportamento dos utilizadores nos websites, por exemplo, se visitam 2 ou 20 páginas em cada visita, qual a duração média de cada visita, etc.
Seria o equivalente a, por exemplo, num supermercado saber o tempo de permanência médio dos clientes no corredor das bolachas, os produtos mais vendidos no corredor das bolachas, o tempo de permanência no supermercado, os corredores visitados antes da caixa, etc.
A estratégia de web analytics estabelece quais os indicadores de performance a monitorizar de acordo com os objectivos delineados no início do projecto. Quase todas as acções são passíveis de ser medidas num website.
A escolha de um gestor de conteúdos
Geralmente as empresas de desenvolvimento usam um gestor de conteúdos, sejam proprietários, comerciais ou open-source. Se o seu site requerer alguma funcionalidade específica, ela é incorporada através de módulos pré-existentes e/ou desenvolvidos à medida. O seu consultor web saberá qual o gestor mais apropriado para o seu caso.
- Gestores de conteúdos proprietários
Existem algumas empresas que desenvolveram o seu próprio gestor de conteúdos. Quanto a mim este tipo de solução apresenta uma grande desvantagem para si pois fica completamente dependente de um produto ao qual mais ninguém presta suporte. Não tirando o mérito a estas plataformas altamente eficientes, são exemplos as plataformas da Elemento Digital, Seara e da Mr. NET.
- Gestores de conteúdos comerciais
Existem gestores de conteúdos comerciais como o Vignette, InterWoven, Stellent ou Microsoft Office Sharepoint Server. Estes estão geralmente reservamos a organizações com capacidade financeira para suportar os elevados custos de licenciamento. Existem inúmeros parceiros prontos a prestar suporte comercial.
Este tipo de solução é preferida porque “ninguém foi despedido por comprar IBM” . Quanto a mim existem outras soluções com as mesmas capacidades e mais económicas.
- Gestores de Conteúdos Open Source
Os gestores de conteúdos open source são gratuitos e alguns deles superam mesmo as capacidades de gestores comerciais ou proprietários. É o caso do Plone, WordPress ou Drupal. Alguns gestores de conteúdos são baseados em plataformas MVC (open source) que permitem um desenvolvimento aplicacional ultra-rápido e eficiente.
Ao utilizar um gestor licenciado no modelo open source tem logo à partida inúmeras empresas especialistas nessa plataforma prontas a prestar-lhe todo o apoio necessário. Empresas que trabalham com soluções Open Source: Rupeal, Quodis, Corefactor, Log.
Conclusões
Na escolha de um parceiro de desenvolvimento assuma que não possui conhecimento técnico suficiente para avaliar o portfolio. A componente gráfica é um factor extremamente subjectivo e não é sinómimo de qualidade de construção.
Hoje em dia, a visibilidade nos motores de pesquisa, usabilidade e acessibilidade são mais importantes para a sua performance do que o aspecto gráfico.
O desenvolvimento acompanhado por um consultor web isento garante-lhe à partida mais hipóteses de ter um site que cumpra as boas práticas, o que irá traduzir-se em melhores resultados.
“Para que serve um site bonito se não aparece nos motores de pesquisa ?”
- Publicado em Marketing Digital